segunda-feira, 6 de julho de 2009

Atropelamento grave! uma criança

Hoje, voltava do abastecimento da viatura L 200 do coordenador de operações, quando a Central dos Bombeiros me avisa que uma criança acabava de ser atropelada depois da ponte de Massagueira. Por rádio avisei : Ok Central!! Libera a guarnição do Resgate 10; copiou? Positivo, copiado; respondia com voz aflita aqueles que atendem as ligações todos os dias na Central dos Bombeiros e ficam imaginando como são as ocorrências, estando sempre ansiosos e tensos, ouvindo o desespero das pessoas presentes no local do sinistro.
Imediatamente no rádio, o sargento Aníbal, da guarnição do resgate 8, avisa: Central!! Central! Resgate 08 saindo do Hospital e solicitando autorização para atender a ocorrência. Tão rápido fui eu antes da cabo Luciglauci entrar no rádio dizendo : Autorizado central! Informo que também estou em deslocamento para o local, copiado? Ok! Copiado major!
Estava já em deslocamento olhando a bela paisagem da ponte Divaldo Suruagy, por onde passa a nossa poluída e abandonada lagoa, quando a Central avisa: Major! As pessoas colocaram a criança em um carro! Posso dar ordem para retornar a viatura? Respondi! Negativo!! Negativo!! Alguma coisa me dizia que quando alguém olhasse a viatura do bombeiro piscaria o farol! Essa coisa mal acabava de me dizer isso, quando um bugre e um FOX piscaram farol, bem em frente a um dos maiores crimes ambientais já cometidos à natureza e onde ninguém dos nossos representantes abriu o bico para falar. Também... com um terreninho naquele condomínio de luxo, quem tem cara de abrir o bico, né? Deixa pra lá!!
PAI, ME DÊ SEU FILHO!!


Atravessei a rua correndo com uma maletinha de primeiros socorros; já tentando olhar no horizonte ou ouvir a sirene da unidade de resgate que estava a caminho;e olhando, também ,para o bugre onde estava um pai chorando todo ensagüentadocom seu filho no colo e a esposa ao lado. Olhei o menino e este tinha umferimento grave na cabeça. Já com gaze e atadura nas mãos e, observando que a criança estava inconsciente, falei para o pai: Pai, me dá o seu filho! Ele me disse: Não, abraçando e cada vez mais se sujando de sangue.
Eu insistia: Pai... me dê seu filho; eu estou precisando ajudá-lo. Sua esposa e o apavorado casal que foi obrigado pela população a transportar a criança dizia: Dê a criança para o bombeiro! E ele olhava pra mim chorando, dizendo cuidado como pescoço dele, mas sem me dar a criança! Eu não parava de insistir. Pai... eu tô aqui para ajudar! Ele, então, me deu a criança e, imediatamente, peguei a criança e coloquei-a no asfalto; seu sangue escorria pelas minhas luvas, mas eu não perdia tempo e tirava de meu cinto um equipamento de respiração descartável que funciona como um boca a boca mais separa a vítima do socorrista!
Eu ventilava a criança em parada cárdio respiratória e massageava seu pequenotórax, apenas com a palma de uma das mãos. Ao mesmo tempo ouvia a sirene da viatura cada vez mais perto e sentia o pai beijando minha cabeça e mexendo no meu cabelo!
SGT ANIBAL E SUA EQUIPE

O Sgt Anibal desceu junto com a equipe e em menos de 1 minuto a criançajá estava sendo transportada com os procedimentos em andamento. Fiquei empé, no asfalto, juntamente com o casal apavorado, vendo a viatura se distanciar e a sirene cada vez mais ficar longe.
Abracei o rapaz e disse que isso é coisa da vida e que eles estavam de parabéns! Sabemos que é errado retirar ou mexer na vítima, mas eles estavam a ponto de serem agredidos pela população, caso não transportassem a vítima.
INSTRUMENTO DE DEUS

Voltei com um sentimento que já faz parte da vida de um bombeiro. Somos apenas instrumentos de DEUS! O instrumento tinha sido utilizado!! Mas não agüentei e parei no hospital; subi a ladeira e entrei na sala onde o menino estava sendo atendido. A cena era de filme! O SGT Anibal falando: Vamos! Reaja!! E uma coisa que me dá muito orgulho: dois médicos empenhados na reanimação da criança, coincidência ou não um dos médicos é tenente do Corpo de Bombeiros também. Fiquei em pé cerca de 4 minutos e no final o SGT Anibal apontou para uma pequena veia no pequeno pescoço da criança e disse :" Major olha a veinha dele; o coração tá batendo! Dei um sorriso e avisei: Tô voltando à base!
SEU NOME È HENRIQUE, 6 ANOS.....

Entrando na viatura, a Central avisa: Colisão carro x carro na Cabo reis! Parti para outra. Agora há pouco estive com o SGT ANIBAL, aqui no QCG e quando ele estava indo embora perguntei: Anibal, qual o nome da criança? Major o nome é Henrique e ele tem 6 anos. Como ele está, perguntei? Major, seu estado é gravíssimo, mas ele tá lutando!! Dei tchau ao sargento e vim escrever pra vcs!! Abraços!!
SÒ PRA LEMBRAR...

Qualquer luta por melhorias, a chamada greve, é legal, desde que não afete aqueles que mais precisam, que são as pessoas. Hoje, no nosso Estado, quase 50% destas pessoas são pobres. Agora, nem tudo que é legal é moral. Hoje, muitas pessoas ficaram até 40 minutos jogadas no asfalto, esperando socorro. Até em caminhão os bombeiros atenderam vítimas! Se tiver mais alguma ambulância do SAMU parada, pode passar pra nós que não faltarão homens para tripulá-las. O acidentado não é um paciente de ambulatório; ele precisa de atendimento imediato. O pessoal da saúde também precisa desta atenção imediata!
É a escada da vida!!
Fiquem com DEUS!!!

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