quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Primeiro coitadinho; depois maloqueirinho; finalmente... já era

Em uma obra chamada Education et equilíbrio, R.P.Kieffer escreve que “A falta de amor próprio e de uma estima sadia de si mesmo, quebra o entusiasmo da alma, mata o espírito de iniciativa, cria seres passivos e inertes”.

Agora, eu pergunto aos leitores do Blog: Nossa juventude atual tem amor próprio? Tem iniciativa? Tem oportunidade? Tem educação decente? Vamos analisar alguns fatos históricos, OK?

Por exemplo. Quando foi declarada a independência, a elite manteve no poder um imperador, filho de um rei, ao invés de deixar o povo escolher como líder, um plebeu. E os escravos que, quando foram libertados, não tiveram educação, terras e respeito. A elite não queria os negros com força. Hoje em dia, aqui em Alagoas, a elite que comanda os dois ou três quintais - que é o nosso Estado - clama por paz ou financia as manifestações pela pomba branca.

Antigamente, doutor magnata, os jovens eram assassinados na grota, nos bares de esquina das favelas, lá nos conjuntos habitacionais e onde nenhum de vocês queria pisar. Não esperavam ser engolidos pelo monstro da miséria e da falta de oportunidade criada por vocês, através dos desvios e negociatas do passado, não é verdade?

O filhinho de papai de hoje é seqüestrado na ponta verde; os tiros pipocam nas avenidas mais movimentadas e a madame do senhor - que quando ri solta um pum de tantas plásticas feitas com o dinheiro público desviado - não pode ir tranqüilamente esticar os cabelos pixaim no cabeleireiro mais caro, pois corre o risco de ser assaltada.

Talvez se a cede ao pote tivesse sido menor, a situação poderia estar melhor. Qual será o futuro do garotinho de 7 anos que mendiga na Ponta Verde, hoje em dia? Todos nós olhamos e falamos: “coitadinho”, daqui a pouco ele terá 13 anos e iremos dizer: “olha o maloqueirinho”! Finalmente estará com seus 18 e teremos que implorar: “Poxa, não me mate não! Leva tudo! Sou pai de família!”. Aí, senhor magnata, será tarde demais. Não se engane, meu caro leitor.

O histórico coronel Amaral iria aniquilar, sim, os bandidos criados por nós. Agora... e o filhinho de papai que arruaça durante a noite destruindo o patrimônio público e depois de preso não dá em nada? E os filhinhos de papai que colocam fogo em mendigos e depois vão beber nas boates mais caras? E os crimes políticos que têm como mandantes todos os cordeirinhos conhecidíssimos por todos e que trazem como mensagem de paz o apocalipse? E os nossos “prostitulíticos” que se colocassem seus nomes - um em cima do outro - construiriam o maior espigão do Brasil? Esses seriam aniquilados? Você acha realmente que esses seriam presos? Fala sério! Pimenta no bumbum dos outros é refresco! Como poderá um jovem ter amor próprio tendo como direitos constitucionais todos esses desmandos?

Muitos não podem nem se espelhar no próprio pai, pois o mesmo está - há anos - desempregado ou trabalhando em pleno ano de 2008, como escravo em alguma fazenda sua, não é senhor magnata? Agora, pode ser tarde demais e a situação atual dificilmente revertida. Pode acreditar nisso.

Esse espírito atual de desconfiança, medo, revolta e tristeza continuarão a colocar o bem comum em segundo plano. Continuaremos a criar classes, oposições, lutas e até guerras. O egoísmo será sempre excitado e nos restará viver como as famílias das grandes metrópoles, trancadas e pensando apenas no espírito de concorrência e nos sucessos individuais.

A violência será ainda mais banalizada e só nos abalaremos se algo acontecer com algum de nós. Não terminarei hoje a nossa conversa com colocações encorajadoras e otimistas. Terminarei, apenas, dizendo a você, meu caro leitor, que a realidade atual é essa e que caberá a você, escolher seu caminho e orientar o do seu filho. Os pais do jovem Igor Albuquerque escolherão seus caminhos daqui em diante, mas não poderão mais orientar e escolher o do seu filho.

Fique com DEUS!

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