Por Carlos BurityFinal de semana para recordarmos fatos narrados por pessoas que marcaram presença na história do jornalismo alagoano e brasileiro. Encerrou sua história no planeta terra lutando pela vida, e nos últimos momentos da mesma, acreditava que a fraqueza física jamais abalaria a fortaleza na esperança de contribuir com a política local. Tive a oportunidade de conhecê-lo em 2008, durante uma gincana escolar, e vê-lo debater os problemas da juventude alagoana em um ginásio lotado de adolescentes. Mendonça Neto, segundo a mestra em comunicação social da UFRJ Marina Magalhães, era um jornalista corajoso, com perspicácia dos políticos e a ternura de um apaixonado. Em seu livro O MINISTRO QUE VIROU GARÇOM, ele relembra os anos iniciais da democracia, que hoje se transformou em vadiagem política, mas que despertava nos generais da época, a ira e a esperança na retomada do poder. Mendonça narra um encontro, que segundo o presidente do PMN da época Hetz César Ataíde, seria histórico! Lá estavam, na pequena cidade mineira de Antônio Carlos, dois generais da reserva bem velhinhos, Mendonça Neto, Celso Brant e Hetz César. A casa era de um general da reserva que tinha sido punido pela ditadura por insubordinação, e que desfrutava de grande prestígio perante os líderes do PMN. Esse general dizia-se preparado para assumir o comando da nação em pleno governo Sarney, que enfrentava até então, uma inflação descontrolada e uma nação indignada. General Andrada Serpa era “o cara” para o PMN! A afirmação de Serpa fez Mendonça Neto arrepiar-se! Ele narra em sua crônica: ”senti vontade de rir, fugir dali e cheguei a temer de minha própria sanidade”. São 01h22min de uma sexta feira de março, e estou a cerca de 27000 pés (8,2 km) de altura, dentro de um Airbus da TAM, a 870 Km/h. Sabem, tive a oportunidade nesta madrugada de estar bem mais perto do Mendonça do que vocês que estão aí embaixo não é verdade? Ao leitor ele dizia: “a crônica serve como um gesto de amizade, de confiança, de cumplicidade, como um bate-papo. Se provocar um breve sorriso, uma alegria interior qualquer ou uma reflexão agradável, cumpriu sua missão!” Sabe Mendonça, prefiro hoje a reflexão ok?Em Alagoas atualmente, você também sentiria vontade de rir, de fugir e temeria a cada segundo sua sanidade. Falamos no último e único encontro sobre a juventude não foi? Pois bem, por aqui a juventude está condenada! Condenada dentro de escolas que caem aos pedaços, escolas onde os alunos cultivam o preconceito e a violência, escola que é uma droga como a droga consumida por eles. Mendonça, a juventude é atendida em hospitais com corredores cheirando a côcô e todo esse carrossel, é gerenciado por autoridades cercadas por assessorias especializadas em desmentir a verdade, e alimentar a mentira! Essa é a minha reflexão de hoje, e esse texto vai para você com o título: Mendonça Neto das Alagoas e os Generais da ditadura! Fique com DEUS!
2 comentários:
Essa noticia me deixou triste. PElo simples fato de que, por alguns meses, eu fiz parte da vida dele.Ficávamos horas ao telefone. De madrugada. Eu dava risadas e ele falava: Grace, dá para vc vir me ver, quando amanhecer?
Ele falava para as mulheres com uma alma doce. Uma alma de quem entendia a si e a elas. Nao era o briguento que muita gente conhecia. Ele tinha um lado suave, como o vinho.
Que ele esteja em PAZ!
Grace Olsson
graceolsson.com/blog
O último contato que tivemos foi em outubro e eu estava na Àfrica. Ele me mandou email perguntando se eu iria ao Brasil e se votaria. E eu disse que nao estava no Brasil e que nao tinha mais titulo. Eu só voto para Presidente, em Estocolmo.
De lá para cá, nao contactei ninguém de Maceió, apesar de ter familia, nao falamos sobre nada, me envolvi na documentacao do Mestrado. Até que, ontem, tive uns sonhos sobre o Brasil e decidi ligar para amigos. Mas, ninguém falou do falecimento do Mendonca.
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